Diário de Aventuras

Relatos e dicas de viagens ao redor do Mundo

Expedição Naufrágios do Nordeste 2009


Live-aboard no Catamarã Enterprise – 2009

Pelo segundo ano consecutivo participei da Expedição aos naufrágios do nordeste brasileiro. Em janeiro de 2008 e janeiro de 2009, essa aventura aconteceu a bordo do confortabilíssimo Catamarã Enterprise.

Vou relatar a nossa aventura deste ano que nos proporcionou mergulhos fantásticos e imagens que se transformaram em vídeos incríveis, com muita vida marinha e detalhamento dos naufrágios explorados. No dia 10 de janeiro de 2009, sob o calor de Recife embarcamos em uma viagem de sete dias organizada com o objetivo de mergulhar nos naufrágios de Recife (PE) e Maceió (AL), com uma equipe experiente de 10 mergulhadores, composta de engenheiro naval, geólogo, cinegrafistas sub e o especialista em naufrágios Maurício Carvalho.
O ponto de encontro dos 10 mergulhadores foi o Porto de Recife, no Marco Zero. Vindos dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo nosso grupo foi recebido pelos sete tripulantes altamente qualificados da bela embarcação.

Como de costume, montamos os equipamentos de mergulho no final do dia da chegada e logo após o briefing e o coquetel de boas vindas. No primeiro dia de mergulho iniciamos nossa navegação ainda cedo, logo após o café da manhã e às 10 horas já estávamos na água para explorarmos o naufrágio do Rebocador Flórida

Rebocador Flórida
Profundidade Máxima: 31,9 metros
Tempo Total Fundo: 29 minutos

História: “Durante muitos anos, a história contada sobre este navio era de que teria sido torpedeado durante a Segunda Guerra, porém, os destroços não mostravam marcas de ter sofrido o impacto de torpedos. Existiam registros para o nafrágio em 1908, que também mostravam-se inconclusivos.Em 1999 mergulhadores de Recife, localizaram uma peça da caldeira com um nome Florida gravado nele. A partir deste nome pode ser feita uma pesquisa que permitiu a identificação positiva do naufrágio.
Segundo o Jornal Diário de Pernambuco, 30.06.1917. O rebocador Florida foi construído em 1908 para a empresa Wilson Sons & Co. de Londres.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com

Depois de um pequeno lanche para acompanhar o intervalo de superfície, estávamos pronto para o segundo mergulho do dia no Servemar I.

Servemar I
Profundidade Máxima: 24,1 metros
Tempo Total Fundo: 39 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=QxX2u-f0iHk

História: Após o grande feito em 2002. de conseguir de forma oficial e com todas as autorizações necessárias o afundamento simultâneo de três rebocadores, o Sevemar X, Minuano e Lúpus, o mergulhador Joel Calado, proprietário da escola de mergulho, Projeto Mar de Recife, e sua equipe realizaram o afundamento de mais um rebocador, o Servemar I”. Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

Depois de um ótimo almoço, preparado pelo Chef Ítalo Sales e de um bom descanso, fomos para o nosso terceiro mergulho do dia e exploração do famoso Vapor de Baixo.

Vapor de Baixo
Prof Máx: 22,4 metros
Tempo Total Fundo: 45 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ZjGVlNK0eeg

História: “Não se conhece a identidade do Vapor de Baixo e, mesmo a data comumente divulgada para este naufrágio é pouco confiável, já que não existem registro de fontes primárias.

Pela análise dos destroços, o Vapor de Baixo parece tratar-se e um pequeno rebocador, porém mais pesquisas precisam ser realizados para uma determinação com segurança.
O navio, bastante deteriorado pelo tempo, encontra-se apoiado corretamente no fundo, com grande parte de suas estruturas remanescentes enterradas. Apesar de ser possível perceber junto da areia o contorno geral do navio, não existe mais casco e cavernames expostos, resta do navio seu conjunto propulsor; que é absolutamente imperdível para qualquer apaixonado por naufrágios.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

Com uma água com mais de 20 metros de visibilidade e 27º de temperatura, fizemos um mergulho de 45 minutos neste naufrágio, que embora pequeno, oferece a rara possibilidade de se observar um vapor com as suas duas rodas de propulsão ainda na posição de uso. Acordamos cedo para o nosso segundo dia de mergulho, que começaria no:

Naufrágio do Vapor Bahia
1º Mergulho – Profundidade Máxima: 23,3 metros
Tempo Total Fundo: 57 minutos
2º Mergulho – Profundidade Máxima: 23,3 metros
Tempo Total Fundo: 65 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=R-9bFNyYIHI

História: “O Bahia foi um dos mais importantes navios da Companhia Brasileira de Navegação a Vapor, fazendo a linha regular entre os portos do nordeste e as capitais do sudeste do Brasil.

Possuía acomodações de 1ª. e 2ª classes, que podiam acomodar com relativo conforto cerca de 100 passageiros na popa, ainda transportava cerca de 400 passageiros sobre o convés, em viagens curtas entre os portos.

O choque com o Vapor Pirapama, que pôs a pique o Bahia, na altura da praia de Ponta de Pedras, norte do Estado de Pernambuco, é cercado de muito mistério e histporias fantasiosas.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Bahia dispensa qualquer comentário, um dos naufrágios mais bonitos e curiosos, principalmente pela sua trágica história de colisão com o Pirapama. Realizamos dois mergulhos com aproximadamente 60 minutos cada.

Depois de um magnífico almoço e um bom descanso partimos em direção ao Porto de Recife. No caminho, ao cair da tarde, um mergulho no:

Pirapama
Profundidade Máxima: 24,1 metros
Tempo Total Fundo: 59 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2_faQGjlz-A

História: “Com certeza, os fatos (do afundamento do Pirapama) estão muito longe da incrível versão que corre no gosto popular, afirmando que o comandante Carvalho do Pirapama, havia jogado propositalmente a proa de seu navio, contra o costado do (Vapor) Bahia.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Pirapama está localizado a 6 milhas da costa, entre Olinda e Recife e é freqüentemente visitado pelas operadoras de Recife. Contudo, nos mergulhos que fizemos, tivemos o privilégio de ter esse naufrágio só para nós.
Depois de ancorarmos no Porto de Recife para o pernoite e de nos deliciarmos com o jantar, o grupo se espalhou por passeios em Recife. Todos retornaram cedo ao Enterprise, pois no dia seguinte começariam os mergulhos mais profundos e um bom descanso com uma boa noite de sono cairia muito bem.
Acordamos e tomamos nosso café da manhã partindo para o:

Vapor dos 48
Profundidade Máxima: 48 metros
Tempo Total Fundo: 105 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ygaZ4dCjRfk

História: Assim como outros naufrágios de Recife, não é conhecida a identidade deste naufrágios, que acabou batizado como Navio ou Vapor dos 48, caracterizado por sua profundidade.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

Este vapor é assim denominado devido a sua profundidade e não por ser seu nome real. Como vários naufrágios de Recife, sua origem também é desconhecida.

No Vapor dos 48 foram usadas misturas gasosas para garantir a segurança e podermos desfrutar ao máximo este lindo naufrágio.
No retorno, fizemos um segundo mergulho no

Vapor de Baixo
Profundidade Máx: 22,1 metros
Tempo Total Fundo: 60 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ZjGVlNK0eeg

Seguindo com os mergulhos profundos, chegou a hora do naufrágio mais esperado e um dos melhores de Recife.

Corveta Camaquã
Prof Máx: 55 metros
Tempo Total Fundo: 70 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=iqiLyZhtBy4

História: “Ao findar o seu quinquagésimo comboio do Rio de Janeiro a Trinidad, a Corveta Camaquã enfrentava um mar agitado, porém considerado normal para a região. Segundo alguns dos sobreviventes: “uma sucessão de três grandes ondas, com intervalos regulares, atingiram a embarcação pelo través; as duas primeiras fizeram com que ela adernasse a ponto de descobrir a tomada d´água de refrigeração do condensador, que ficava muito abaixo da linha d´água de bombordo; com isto o navio ficou adormecido (sem máquinas); neste momento foi atingido pela terceira onda da série, terminando por emborcar.”” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

A Corveta Camaquã foi ao fundo devido às péssimas condições de mar. Hoje, as cargas de profundidade usadas para combater os submarinos do eixo na 2ª Guerra Mundial estão espalhadas pelo fundo próximo da popa e continuam intactas.

A Corveta Camaquã está a 55 metros de profundidade apoiada no fundo de areia pelo bordo de boreste. Seu estado de conservação é perfeito, embora as chapas internas já estejam bastante fragilizadas.

Depois de um mergulho profundo realizado com absoluto sucesso, só nos restava retornar a Recife para o pernoite. Isso seria o normal em qualquer operação de mergulho, mas não no Enterprise. Encerrarmos o dia com mais um mergulho no maravilhoso

Pirapama
Profundidade Máxima: 23,2 metros
Tempo Total Fundo: 38 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2_faQGjlz-A

Nossa estada em Recife estava chegando ao fim e, portanto, resolvemos encerrar o dia visitando Olinda.

Na manhã seguinte, ainda muito cedo partimos para Serrambi para mergulharmos no:

Rebocador Marte
Profundidade Máxima: 32 metros
Tempo Total Fundo: 46 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Q3fpdnES9po

História: “Em 1997, foi comprado em Recife, pelo proprietário do Hotel Intermares de Serrambi, PE, a cerca de oitenta quilômetros ao sul da capital, para servir de recife artificial e ponto de mergulho para a operadora de mergulho do Hotel Intermares.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Rebocador Marte é um naufrágio artificial criado em 1998.

Saímos do Marte para realizarmos dois mergulhos no naufrágio do

Gonçalo Coelho
1º Mergulho – Profundidade Máxima: 32 metros
Tempo Total Fundo: 55 minutos
2o. Mergulho – Profundidade Máxima: 33,77 metros
Tempo Total Fundo: 54 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=WiJO53QdzD4

História: “Já envelhecido e fora de uso, foi comprado, desequipado, limpo e preparado com diversas aberturas no casco em Recife, sendo rebocado para Tamandaré, acabou por afundar em frente ao Hotel Intermares, servindo a um programa de desenvolvimento de pontos de mergulho, juntamente com o Rebocador Marte.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Gonçalo Coelho era um navio de desembarque de carros de combate LST (Landing Ship Tank). Após a 2ª Guerra Mundial foi reformado para outros serviços. Fez durante alguns anos o transporte de carga entre Recife e Fernando de Noronha. Com o intuito de servir de recife artificial foi afundado em 1999.

Depois de dois maravilhosos mergulhos no Gonçalo Coelho, zarpamos em direção a Alagoas. Nossa navegação duraria a noite toda e a previsão era de que no dia seguinte, amanhecêssemos em cima do naufrágio do

Dragão – André Rebouças
Profundidade Máxima: 31 metros
Tempo Total Fundo: 64 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Q3fpdnES9po

História: Embora tenha naufragado em 1927, este naufrágio só foi identificado em janeiro de 2006, pelo pesquisador e biólogo Maurício Carvalho, na expedição a bordo do Catamarã Voyager. O nome correto deste naufrágio é André Rebouças. Fonte: José Dias e http://www.naufragiosdobrasil.com.br

Depois de uma hora de mergulho e um lanche para acompanhar o intervalo de superfície, partimos para o segundo mergulho do dia.

Draguinha
Profundidade Máxima: 30,7 metros
Tempo Total Fundo: 50 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=1mu7rycovKk
História: No dia 24/06/1961, a Draga no. 9, de propriedade da Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas, partiu, a reboque do Navio Icaraí, do porto do Rio de Janeiro com destino a Recife, PE”… “No dia 13, cerca das 13:25 horas, o mestre da Draga comunicou-se com o rebocador. Aparecera água no porão de boreste e as bombas funcionavam sem parar. Além disso faltava água para o consumo. No amanhecer do dia 14 a Draga adernou e soçobrou.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Draguinha é na realidade a Draga Nº 9. Foi identificada também em 2006 pelo pesquisador Maurício Carvalho. O tempo em Alagoas estava nublado e com uma chuva fina, mas o mar se achava totalmente parado.

Nosso terceiro mergulho do dia foi no naufrágio do…

Sequipe
Profundidade Máxima: 31,9 metros
Tempo Total Fundo: 38 minutos
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=1mu7rycovKk

História: “O Lloyde Brasileiro mandou construir em 1927, no estaleiro A.A. Simões, três chatas batizadas de Novelloyde nos 3, no. 4 e no. 5, com a função básica de auxiliar no embarque de sacarias nos navios da Companhia.
Embora os dados não sejam garantidos, aparentemente, em 1935, o Novelloyde no. 4 foi transferido para o Ceará onde deveria auxiliar no embarque de sal.”…”Após deixar o porto de Maceió fez água e naufragou.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

Uma chata cujo nome correto é Novelloyde Nº 4. Este naufrágio encontra-se inteiro a 30 metros de profundidade. Possui um enorme guincho sobre seu casco onde vários cardumes costumam se abrigar.

Nosso último dia de mergulho! Para fecharmos com chave de ouro, 120 metros de naufrágio.

Itapagé
1º Mergulho – Profundidade Máxima: 25,8 metros
Tempo Total Fundo: 57 minutos
2º Mergulho – Profundidade Máxima: 25,3 metros
Tempo Total Fundo: 59 minutos

História: “Às 13:50 horas, quando o navio passava na altura de Lagoa Azeda, foi repentinamente atingido a boreste por dois torpedos lançados pelo submarino alemão U-161, comandado pelo capitão Aquilles, que já vinha atacando navios de bandeira estrangeira em nossa costa.” Fonte: http://www.naufragiosdobrasil.com.br

O Itapagé é um dos mais belos naufrágios de Alagoas e sua história nos remete a 2º Guerra Mundial, quando foi atingido por dois torpedos lançados pelo U-Boat U-161, afundando na altura da Lagoa Azeda.

É possível ver várias peças dos caminhões que o navio carregava e muita louça, inclusive uma enorme variedade de garrafas. Os motores a diesel, com 6 metros de altura merecem atenção especial, logo ao lado é possível encontrar máquinas a vapor.

TRIPULAÇÃO DO ENTERPRISE: Nico, Djalma, Jacson, Bruno Noronha, Ítalo, Luciana e Edilka.

MERGULHADORES: Adair Ribeiro, Carlos Augusto Bruno, Cláudio Couto, Consuelo Magalhães, Renzo Martins, Eduardo Tellechea, Pedro Máximo, Vivian Szterling, Maurício Carvalho e Jose Dias.

OBSERVAÇÕES:
1. Mais informações sobre os naufrágios podem ser obtidas no site www.naufragiosdobrasil.com.br
2. Nos tempos totais de fundo, computamos todo o tempo de mergulho.
3. Agradecimento a J.Dias pela colaboração nesta matéria.
Local da Aventura: Pernambuco/Alagoas – PE

Nome: Adair Ribeiro
Email: adairrj@uol.com.br
Cidade: São Paulo – SP

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